segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Dans Ton Sommeil (2010)

Quando os franceses se metem no terror gratuito (facada na cara!), somos tentados a pensar que há uma razão palpável («são franceses, há uma moral qualquer, isto vai ser estudado nas faculdades»). Se o cinema de terror disser alguma coisa sobre a cabeça de quem o faz, há pelo menos uma razão: os franceses reflectem sobre si com o mesmo vigor com que os americanos projectam as suas neuras na Europa de Leste (veja-se Hostel e derivados). Isto é, enquanto o americano diz «não fui eu, foi aquele mafioso de bigode e pronúncia estranha», o francês não tem pejo em assumir que «o assassino está entre nós, come baguette, raclette, usa boina e bebe vinho». Dans Ton Sommeil (dos irmãos Caroline e Éric du Potet) inscreve-se na mui apreciável tradição francesa de Haute Tension, Ils, Martyrs ou À L’Interieur: há um intruso em casa que nos vai dar algum trabalho, mas o mais provável é que o/a tipo/a nos limpe o sarampo antes de podermos contar como foi. Logo de início somos confrontados com uma certa tragédia na vida de Sarah (Anne Parillaud), rapariga para os seus 40 e muitos, casada e com um filho. O resto da acção passa-se um ano depois, com a protagonista ainda mal refeita do desaire. À medida que a coisa avança e percebemos quem é o mau da fita, passamos o tempo a dizer «não faças isso, não vás por aí, não abras a porta, não saias do carro» mas Sarah prefere dar ouvidos a outros e, por infeliz pontaria, faz sempre tudo ao contrário. Depois de finalizada a contenda, resignados, fomos ao Internet Movie Database e atentámos nas únicas duas palavras-chave do enredo: «nudez frontal masculina» e «título de três palavras». Confere e confere.

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