sábado, 11 de fevereiro de 2012

Night of the Comet (1984)

Ah, os anos 80 (do século XX – podíamos estar mais 68 anos sem precisar de fazer este parêntesis, mas pronto), a década sobre a qual nos habituámos a dizer mal, mas que agora é vintage (para benefício do Roberto Leal e do Cais do Sodré). Na idade do crescimento (há coisa de meses), comprámos livros com títulos como «Best Cult Horror of the 80s» e descobrimos aqueles filmes menos óbvios que fazem questão de aparecer sempre: Phantasm, de Don Coscarelli, é um deles (ainda não vi, já que perguntam); Night of the Comet, ano da graça de 1984, é outro (e este já vi, como perceberão a seguir). Duas irmãs, valley girls de duvidoso (perdão, vintage) gosto capilar sobrevivem aos efeitos devastadores de um cometa que toda a gente espera ver com fervor. Los Angeles parece o 28 Days Later..., mas mais soalheira, com muito espaço livre e o costumeiro zombie à espera do sinal da cruz (aka tiro na tola) e da extrema unção. Mas o que surpreende é a frivolidade das manas, muito ciosas da sua beleza e preocupadas com a perspectiva de viverem o resto das suas vidas sem o calorzinho macho de um casaco da UCLA – vá lá que um latagão de apelido latino equilibra as coisas e ajuda a resolver problemas de transporte. Temos cenários improváveis como os estúdios de uma rádio local (que difunde uma animada emissão pré-gravada), um centro comercial (ah, os anos 80...) a pedir furto sem culpa, um grupo de meliantes apostado em estragar a beleza das meninas (e, nesse aspecto, Catherine Mary Stewart mostra agradáveis predicados). Os diálogos são agradavelmente superficiais (sempre numa toada «o mundo vai acabar, mas eu tenho uma malha na meia») e os zombies são menos uma ameaça real e mais uma cambada de chatos («deixe-me passar, sr. Zombe, que a outra rua está cortada»). Não é o fim do mundo em cuecas; é o fim do mundo em rímel e saltos altos. Vintage.

Sem comentários:

Enviar um comentário