quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Red State (2011)

Red State, de Kevin Smith (tipo dado, sobretudo, a comédias) é um daqueles filmes que gera falatório instantâneo quanto mais não seja porque dá azo a raciocínios do género «se este filme cai nas mãos erradas vai dar espiga». Mas também nos ocorre que ir por aí é a mesma coisa que assumir que um anão pode, realmente, ficar com ideias marotas depois de ver Chucky (não, pois não?) e essa é uma discussão que não nos apetece ter agora. A acção decorre na América amarela (a cor que associo quando há roupa antiquada – a rapariga do poster não conta – e homens de chapéu a dizer «ma'am») e, em boa parte, dentro de um local de culto baptista (isto antes de começar a chinfrineira). A voz de comando é a de Abin Cooper, um pastor com retórica tal que enfeitiça uma comunidade (fechada, temerosa e inflexível na sua defesa doentia da família, dos bons costumes, da roupa antiquada e dos homens que dizem «ma'am») e transforma os seus fiéis num braço armado (efectivo) da doutrina que professa. As vítimas são três rapazes que caíram numa esparrela depois de responder a um anúncio de sexo fácil na internet (uma arapuca montada por uma das fiéis seniores) e a certa altura espera-se que o filme seja sobre a tentativa de fuga dos infelizes das amarras daquela gente maluca, mas a história não vai por aí e a polícia (toneladas dela, incluindo o pachorrento John Goodman) acorre ao local para equilibrar a contenda. Pensará o leitor que estamos a contar a história toda, mas juramos que o tiroteio que se seguiu nos pareceu demorar algumas três horas quando o filme, coitado, só tem 88 minutos. É uma saraivada de arsenal bélico com paralelo na carga de cachaporra que Liam Neeson dá em Taken (mas para salvar a filha, caramba!). Tal é o crepitar de G3, Kalashnikovs e outras bisarmas que, às duas por três, nos perguntamos se o nosso gato não estará a fazer pipocas na cozinha (mas com abóboras). No fim, aquele tépido odor a inconsequência (ou a óleo) e a sensação de que a América amarela merecia melhor.

Sem comentários:

Enviar um comentário